Quando perguntei ao meu filho se ele queria um desafio diferente, uma vez que jogava desde os cinco anos numa escola de futebol, disse-me que sim. Que iria sentir a falta dos seus amigos, muitos deles que o acompanhavam à alguns anos mas que gostaria de tentar. Questionei os professores de forma a ouvir as suas opiniões e disseram-me que tinha chegado o momento para o início de uma nova etapa desportiva.
Começo este texto por falar nesta época desportiva, verdadeira nova aventura para alguns meninos, iniciada em junho de 2016, quando vieram ás captações do Rio Ave F.C.. Nessa altura por motivos certamente diversos, colocaram-se ao dispor de treinadores que não conheciam, durante apenas alguns dias, de forma a serem avaliados. Ou seja, sujeitaram-se a "testes" para aferir se o seu valor desportivo naquele momento, bem como perspetiva futura, seria uma mais valia para a equipa de benjamins do clube. Muitos poderão comparecer mas só alguns serão selecionados.
Este é o primeiro contacto com alguém que será vital na sua vida desportiva, o treinador principal da equipa.
Em setembro de 2016, a equipa de benjamins inicia os treinos conjuntos, compostos por cerca de 80% de atletas que transitaram da equipa de sub-10 do clube, sendo que muitos deles já estavam no Rio Ave, à alguns anos.
O mister Laurentino e a sua equipa técnica iniciam a integração e adaptação dos novos jogadores na equipa. A fase de adaptação em termos temporais poderá ser variável devido a diversos fatores.
Passado apenas um mês, os benjamins seriam divididos em dois grupos, com competições distintas, mas com objetivos idênticos, ou seja a vitória. Nessa altura, o meu filho depois de ter vindo às captações e ter sido convidado a integrar a equipa, não sabia em que grupo ficaria, e quando pedia a minha opinião eu dizia-lhe, que o importante era que se esforçasse e se divertisse, e que o seu principal adversário era ele mesmo, porque tudo depende exclusivamente do seu trabalho. E só estando contente, motivado e feliz poderia mostrar as suas valências em campo. Uma vez mais gerir emocionalmente os meninos e levá-los a crescer positivamente, seja porque nesse momento conseguiram ficar no grupo pretendido, ou explicando que a evolução temporal dos atletas muitas vezes ocorre em períodos distintos, terá sido seguramente uma vivência marcante para todos. E começou a competição, os dias das convocatórias, os jogos ao sábado, e os nomes sonantes de algumas equipas adversárias, ou uma equipa rival desde sempre. E tudo a cargo de quem escolhe, de quem motiva, de quem treina, de quem tem constantemente de gerir emoções. Porque estamos a falar de meninos de 10/11 anos, que semana após semana vivem com esta realidade desportiva.
Terminada a primeira fase da competição da AF Porto, em segundo lugar, atrás do clube rival Varzim, tenho a certeza que tudo ficou definido no jogo entre ambos, em que o Rio Ave perdeu um a zero em casa, num golo marcado de livre direto, numa partida completamente dominada pela equipa da casa.
A gestão emocional da equipa voltou a sentir-se, quando se iniciou a segunda fase, a divisão de elite, disputada pelos três melhores classificados de cada série. Foram traçados novos objetivos, de forma a todos, à equipa, estar focada jogo a jogo em vencer, mas acima de tudo crescer com os atuais desafios impostos.
E o Rio Ave termina a primeira metade da fase da elite, da AF Porto, em segundo lugar, a apenas um ponto do F.C. Porto, ultrapassando o rival Varzim em casa por três bolas a zero, ou o F.C. Porto com um desfecho de quatro a dois, adicionando ainda outros importantes resultados nesta caminhada. A inegável qualidade dos atletas desta equipa, recordo que excelentemente percepcionada pelo mister Laurentino, conduz aos habituais convites com maior ou menor visibilidade, efetuados por outros clubes, aos pais dos meninos.
No sábado, haverá mais um jogo, cujo adversário será o F.C. Porto, e que todos falam sobre a importância do mesmo, para o futuro da competição. Em termos físicos, técnicos ou táticos, a equipa está muito bem preparada. E quando alguém consegue montar uma equipa da forma que assisti, é um verdadeiro relojoeiro humano :)
Então qual será para mim o fator decisivo?
A inteligência emocional, a capacidade inegável do treinador em transmitir os valores do clube, a garra, a força, a confiança, o espírito de equipa na abordagem de cada lance e o orgulho de pertencer ao Rio Ave F.C.
Imagem: Pixabay